Negócio inovador: ideias incríveis das grandes empresas para a sua marca

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Você tem a impressão de que nos últimos anos todo mundo resolveu empreender? Pois saiba que isso não é só um mero palpite, trata-se de um movimento crescente, de fato. A questão é apesar de haver muita gente que começa a empreender por necessidade, quem quer fazer um negócio inovador crescer deve pensar grande. Independentemente do que o levou a começar, tornar-se uma referência exige ter clareza sobre qual dor quer resolver no mundo. Não é sobre vender almoço para comprar janta, é oferecer algo que tenha propósito e potencial de crescimento.

O que irá definir a continuidade de um negócio inovador é a real capacidade da empresa de solucionar os problemas das pessoas e continuar se adaptando frente às mudanças do mercado. Quem começa uma empresa com propósito de criar uma marca, quer mais do que pagar as contas. Quer deixar um legado. E, neste sentido, ser um agente inovador, que provoca movimento na sociedade, traz um retorno que vai além do resultado financeiro – sem deixar de olhar para este.

O que é um negócio inovador?

Os modelos de negócios inovadores espalhados no mundo, mostram que é possível inovar ao criar novas maneiras de oferecer, produzir e comercializar produtos. Ou seja, nem sempre é preciso elaborar algo desde o início. Inovar nem sempre é criar um produto revolucionário, que faça uma disrupção. É possível inovar em parte do processo ou criando uma melhoria parcial.

Quem nunca ouviu falar de casos de vendedores ambulantes que adotaram uma estratégia criativa e destacaram-se a tal ponto que se tornaram palestrantes? O sucesso veio da ousadia em testar um jeito diferente, de incrementarem de alguma forma o processo ou a apresentação praticada por seus concorrentes. Aqui trata-se, na maioria das vezes, em ações de divulgação inovadoras, para chamar atenção e vender mais. Mas antes de sair apenas querendo chamar a atenção, vamos entender melhor o que importa de verdade.

Qual a dor que você resolve no mundo?

Quando você abre um negócio, provavelmente haverá uma série de outras opções no mercado que solucionam, de alguma forma, a mesma dor que sua empresa se propõe a resolver. Como fazer que a sua marca se destaque e seja a mais desejada de todas?

O mecanismo por trás de uma compra é, em geral, a resolução de uma necessidade, ou um job to be done, como explica o guru de inovação de Harvard, Clayton Christensen. O professor morreu no no início de 2020 deixando como maior legado o conceito de inovação disruptiva e vale se debruçar sobre seus estudos. Para ele, empresas de sucesso, ao ganhar mercado e focar em eficiência, fecham os olhos para soluções diferentes de resolver o mesmo problema. Consequentemente, ficam obsoletas.

Um exemplo clássico trazido por Christensen: Kodak. A empresa inventou a foto digital, mas sua qualidade era inaceitável para os padrões que o filme havia atingido. Daí a questão: continuar investindo nas máquinas que usam filme ou desenvolver a máquina digital? Em 1975, um funcionário da empresa desenvolveu a câmera digital. Na época, a Kodak decidiu não lançar a novidade comercialmente. A razão disso era proteger um de seus negócios mais lucrativos: a comercialização de filmes fotográficos. Toda a lógica de negócios no final do século XX dizia para não largar a galinha dos ovos de ouro por um pintinho que mal tinha penas. Resultado: outras empresas desenvolveram as máquinas digitais. E em algumas décadas, essa nova forma de fotografar se tornou acessível a grande parte da população. No fim desse processo, as concorrentes ganharam o mercado.

Inovação disruptiva vs Inovação sustentável

Inovação disruptiva significa reinventar uma tecnologia ou um modelo de negócios. Não é uma melhoria ou ajuste, ainda que estas sejam relevantes, mas trata-se de uma quebra. A inovação disruptiva gera novos mercados e valores, inegavelmente causando forte incômodo aos atores existentes. As disrupções alteram e melhoram a forma de resolver uma dor de maneiras que o mercado não esperava, traçando uma linha clara de antes e depois de sua chegada.

Prensa de tipos móveis, máquina à vapor, lâmpada, computador pessoal, medicina de imagem, smartphone, streaming de filmes e músicas, aplicativos de mobilidade urbana… São infinitos os exemplos de tecnologias que surgiram e que, depois delas, nada mais foi como era antes. E os intervalos vão ficar cada vez menores.

O “dilema do inovador” é a escolha que qualquer empresa enfrenta entre manter um mercado existente fazendo o mesmo, mas um pouco melhor (que significa sustentar a inovação), ou capturar novos mercados, adotando novos modelos de negócios (tendo a inovação disruptiva).

Em outras palavras, a inovação disruptiva e a inovação sustentável não precisam necessariamente ser alternativas uma da outra. Inegavelmente, é bem melhor quando são medidas complementares. Se estiver claro para você – vamos insistir – qual a dor que seu negócio resolve no mundo.

Modelo Canvas

O consultor suíço Alexander Osterwalder, em conjunto com outros mais de 200 consultores em todo o mundo, desenvolveu o Canvas, uma ferramenta de planejamento estratégico, que permite desenvolver e esboçar modelos de negócios inovadores ou já existentes. Os principais componentes centrais de um empreendimento são:

  • Segmento de clientes e relacionamento
  • Proposta de valor;
  • Canais de distribuição e parcerias
  • Fontes de receita e custos
modelo canvas de um negócio inovador

Exemplo de um modelo Canvas por Sebrae

Não podemos nos apegar ao modelo de negócio, seja ele um modelo de negócio inovador ou não. Ele é um meio, não um fim. Devemos estar sempre prontos para destruí-lo. Mas não por um capricho, sem dúvida. Uma empresa orientada para o futuro vai manter seu segmento de mercado criando a solução que vai destruir a si mesma, migrando para esse novo formato.

Parece complicado? Só pra exemplificar, algo bem palpável: o taxista que percebeu o crescimento dos aplicativos e vendeu sua placa passando pro novo modelo antes do colapso dos táxis. Ele destruiu seu modelo de negócio. Do mesmo modo – mas criando a solução e não apenas adotando algo oferecido por terceiros – a empresa que antevê a nova onda não será dragada pela mudança.

Modelos de inovação testados mundialmente

A linha de pensamento de Thomas Edison, consolidada como uma fonte inesgotável de ideias, pode ser conselho base para todo empreendedor: “Para ter uma boa ideia, tenha várias ideias”. Listamos abaixo alguns dos principais exemplos de modelos de negócios inovadores já testados que você precisa conhecer:

1. Exemplo de empresa desagregada

Empresas de telecomunicações, como a Vivo ou a TIM, são empresas que necessitam de muitos recursos tecnológicos para manter seus clientes satisfeitos com os serviços. Além disso, o relacionamento também é um divisor de águas, afinal os usuários precisam de atendimento e suporte através de um call-center eficiente, entregando resoluções em pouco tempo. Como resultado, também reduzem custos operacionais com menos pontos de atendimento em lojas físicas. O foco na novidade de produtos, também é essencial para que a empresa não fique pra trás, proporcionando aos seus consumidores alta conectividade, com diversos pontos de contato com a marca.

2. Empresas multi-faces

Também conhecido como Modelo Plataforma MultiLateral (ou em inglês Two-Sided), é um modelo que funciona ao atender dois grupos distintos de clientes que geram valor quando interagem entre si. Atende dois segmentos diferentes de clientes coexistentes e interdependentes, pois a presença de um gera valor para o outro. Em alguns casos, não se cobra nada de um dos clientes como forma de atraí-los para então poder oferecê-los ao outro segmento.

O Airbnb, por exemplo, conecta turistas (consumidores), que querem um alugar um espaço por pouco tempo, a donos de locais para hospedagem (fornecedores), como casas e apartamentos. A empresa trabalha com ativos alavancados, ou seja, não possui imóveis, apenas ajuda na conexão com uma plataforma confiável entre quem oferta e quem procura. O custo da hospedagem é determinado pelo anfitrião, apesar do Airbnb possuir um algoritmo que ajuda nessa precificação. Uber, Decolar e Booking são alguns outros exemplos.

3. De cauda longa

O Modelo Cauda Longa funciona ao vender uma grande variedade de produtos de nicho. Por mais que eles individualmente vendam pouco, no total geram movimentam alto valor pelo volume somado. Por outro lado, também contam eventualmente com as vendas de uma menor variedade de produtos populares (ou hits) os quais individualmente vendem muitas unidades.

O nome do modelo é derivado de um gráfico em curva estudado por Chris Anderson em seu livro “Cauda Longa”, publicado em 2004. Chris já atuou em revistas de peso, como The Economist, Science e Nature e é considerado um grande nome na economia pela sua visão referente ao mercado atual, bastante influenciado pela internet.

Anderson defende que a internet permitiu que os mercados de nicho passassem a ser tão ou mais importantes do que os blockbusters, aquilo que todo mundo consome. Produtos que possuem pouca demanda ou vendem pouco conseguem no total se equiparar ou superar o volume de vendas de poucos produtos hits. Isso só é possível se a empresa possuir um canal de vendas que tenha muito alcance e baixo custo de distribuição.

Dessa forma, oferecendo produtos de nicho, a plataforma aumenta a chance de fidelização. Por exemplo: loja de itens especializados para canhotos e brinquedos voltados para crianças hospitalizadas. Assim você conversa com um público que tem mais chance de se identificar com o que você oferece. Mas fazer isso sozinho e tentar ser encontrado, mesmo com as ferramentas de busca, pode ser quixotesco. E aqui surge uma inovação importante.

O marketplace entra como ferramenta de distribuição. Reunindo várias marcas em um só lugar, Amazon, Magazine Luiza e Mercado Livre por exemplo dão volume às transações de nicho – e também vendem os grandes sucessos. No Brasil, temos o B2W Marketplace, formado pela Americanas.com, Submarino e Shoptime. A B2W possui mais de 40 categorias para a exposição de produtos dos mais diversificados segmentos de forma unificada.

4. Exemplos de negócio inovador de modelo gratuito

O Facebook é um bom exemplo de empresa de modelo gratuito, contando com 130 milhões de usuários brasileiros, colocando o país na 3ª posição no ranking de países com o maior número de perfis na plataforma. Mas se a plataforma é grátis, como rende tanto dinheiro? A resposta é simples: publicidade. Aproximadamente 89% do faturamento do Facebook é vem de anúncios digitais. Ou seja, empresas pagam ao Facebook para que o usuário da rede, veja produtos que elas estão vendendo.

A rede superou as estimativas dos analistas de Wall Street e fechou o quarto trimestre de 2019 com receita de 21,08 bilhões. A publicidade está por toda parte dentro da rede social, em banners, posts e stories, além dos anúncios segmentados para atingir um público específico.

5. Empresas de modelo aberto

A Inovação Aberta introduziu diferentes formas de incorporação de tecnologias e produtos, e consequentemente, outras maneiras de geração de receita e lucro. Por exemplo, baseando-se na experiência do “desperdício” de tecnologias e produtos gerados no processo principal de inovação, que não estavam garantindo crescimentos e lucros sustentáveis, passou-se a acompanhar sistematicamente e gerenciar todos os subprodutos do processo inovativo. Licenciando-os ou vendendo-os para interessados externos além de incentivar indivíduos ou equipes inteiras a fundar novas empresas (processo chamado de “spin-out”).

No sentido contrário, para acelerar a implantação de novas tecnologias e produtos na empresa, no modelo da Inovação Aberta, prevê-se a compra ou licenciamento de tecnologias, assim como, a aquisição de empresas de base tecnológica (chamado de “spin-in”) ou a participação em instituições que estejam alinhadas com o plano tecnológico da organização.

Qual entre os modelos de negócios inovadores escolher?

Muita calma nessa hora! A divisão que colocamos neste artigo é didática, pra você entender processos. Mas o que vemos na prática são modelos mistos. O YouTube, por exemplo, é uma plataforma gratuita, multiface (depende de produtores e consumidores dos vídeos) e também tem uma opção de assinatura.

Mais do que se preocupar se você vai adotar um modelo especificamente é entender o que cada um deles abre de oportunidade. E extrair o que houver de melhor para aplicar à sua realidade.

O cenário digital em um negócio inovador

Em um ambiente de crescente influência digital nos negócios, para potencializar as vendas e gerar melhores resultados e lucros, conhecer as novas ferramentas e conceitos tecnológicos é essencial para descobrir quais soluções podem ser melhor exploradas por sua empresa. O novo cenário digital abrange por exemplo:

Inteligência artificial

O termo, que em inglês é chamado de Artificial Intelligence (AI), descreve sistemas capazes de realizar tarefas que, até então, só podiam ser feitas com o auxílio do raciocínio humano. Na prática, consiste em criar softwares que consigam recriar a forma como a nossa inteligência funciona para resolver problemas. O carro autônomo é um excelente exemplo do uso da inteligência artificial, apesar de ainda estar em aperfeiçoamento. Hoje, temos mais big data (processamento de grande quantidade de informação) e machine learning (máquinas que vão aperfeiçoando suas rotinas repetitivas) do que uma inteligência de fato.

Realidade virtual e aumentada

A realidade virtual (RV) consiste em você criar um ambiente totalmente gerado pelo computador, 100% digital. O usuário pode interagir com esse ambiente, e tudo que ele veria ali seria gerado por computador. Em outras palavras, você possibilita uma experiência imersiva sem sair do lugar. Um exemplo muito comum das aplicações de RV são os jogos digitais, mas a construção civil tem usado comercialmente.

Já na realidade aumentada (RA), o usuário continua vendo o mundo real, mas a ideia é aumentar a realidade com informações adicionais devidamente alinhadas com a visão do usuário e do mundo real. O jogo Pokemon Go, febre que veio e passou rapidamente, foi uma grande experiência nesse sentido. Aplicações em redes sociais também permitem adicionar elementos que não estão no mundo físico.

Pagamentos com um clique

Ferramenta estratégica para otimizar o processo de pagamento e-commerce. Os consumidores esperam ter mais agilidade e segurança na hora de finalizar o pagamento. Para comprar com um clique é necessário solicitar ao consumidor que forneça seus dados se cadastrando em uma plataforma junto com os dados do cartão de crédito.

Identificação biométrica

O uso de digitais para abrir portas, controlar presença de colaboradores e acessar banco estava consolidado. Mas com o medo crescente das pessoas em compartilhar o toque em objetos, o reconhecimento facial – já usado em smartphones e pela segurança pública – deve crescer em preferência para estes acessos.

Modelos de negócios inovadores específicos do digital

  • SaaS (Software as a service): empresas que desenvolvem, comercializam e distribuem os chamados Softwares as a Service. Utilizam a computação em nuvem para oferecer serviços on-line sem que você precise instalar os programas específicos em uma máquina. Geralmente faturam por meio de cobrança de uma mensalidade para o uso do software, com efeito, substituindo os chamados softwares de prateleira, com licenças definitivas. Exemplos: Microsoft Office 365, Adobe Creative, Dropbox e Salesforce.com.
  • Adware: Modelo de negócio bem famoso nos anos 2000 e agora extremamente disseminado entre aplicativos e jogos de celular, os Adwares são soluções oferecidos gratuitamente que veiculam propagandas para monetizar. Exemplo: Google, Facebook, diversos games e Bit Torrent.
  • Freemium: Muito utilizado pelos SaaS, oferece produtos de maneira gratuita, mas com funcionalidades limitadas. Com a finalidade de despertar desejo sobre a aplicação, para ter acesso a todas as ferramentas, o usuário precisa contratar um plano. Exemplos: Mailchimp, Dropbox e Evernote.

Negócios inovadores aceitam correr mais riscos

A Tesla Motors surgiu em 2003 quando alguns engenheiros do Vale do Silício decidiram provar que carros elétricos poderiam ser tão bons quanto os carros movidos a gasolina. Eles levaram três anos, em uma época que ninguém falava sobre carros elétricos como uma alternativa, para lançar o seu primeiro protótipo, o Roadster. Durante todo este período, aqueles engenheiros investiram milhões de dólares para criar um produto inédito sem ter a certeza de que seria bem aceito pelo público. Guiados somente pelo sonho e tendo um propósito. Quantas pessoas assim você conhece?

Os empreendedores que estão dispostos a terem um negócio inovador aceitam correr mais riscos, não porque são capazes de prever o futuro, mas acreditam no poder dos princípios que orientam o seu negócio inovador capazes realmente de fazer tudo acontecer à sua volta! Sem dúvida, no meio do caminho pode-se perder todo o trabalho, por isso as startups têm adotado uma metodologia de lançar versões simplificadas, o MVP, para que possam ajustar ao mesmo tempo que ganham algum mercado. Quando é possível, isso é um caminho do meio bastante interessante.

Um negócio inovador em sua essência, disposto a buscar sempre uma versão melhor de si mesmo, consegue manter a longevidade de sua relevância. Em alguns momentos, será preciso abrir mão do modelo de negócios antigo e criar um novo. Mas pode ser uma nova forma de abordar, como um hospital que transforma uma sala de ressonância magnética num submarino no fundo do mar e reduz o medo das crianças em fazer o exame. Pode ser quebrar a tradição e passar a colocar dois sabores meio-a-meio na mesma pizza, coisa inventada no Brasil. O importante é não estar acomodado com a solução que existe hoje, buscando sempre melhorá-la.

Por isso, é preciso encontrar um problema real para o qual existam pessoas precisando resolvê-la. Pode já ter uma solução – normalmente há – mas você pode incrementar e criar um novo jeito (mais barato, mais rápido, mais eficiente de alguma forma) de resolver. Esse é o ponto central de um negócio inovador. Qual a dor que você quer resolver no mundo?

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