Clubhouse: o boom da rede social de áudio

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Quem ama fazer longos debates por mensagem de voz – e que irritava amigos nos grupos de WhatsApp, agora tem um cantinho na internet pra chamar de seu. A rede social Clubhouse, que vem crescendo exponencialmente, é dedicada exclusivamente à troca de áudios.

Exclusiva para convidados, o Clubhouse é estruturado em salas virtuais. Em cada uma delas, debatem-se temas desde arte e cultura e histórias pessoais até engenharia ou mercado financeiro. É uma espécie de mesa de bar virtual onde você poderá topar com algumas das maiores celebridades do mundo.

O que é o Clubhouse?

Na definição da própria plataforma, o Clubhouse “permite que as pessoas em todo o mundo falem, contem histórias, desenvolvam ideias, aprofundem amizades e conheçam novas pessoas interessantes em todo o mundo”.

Sua estrutura é dividida em salas. Nelas, há moderadores, speakers e ouvintes. Ouvintes podem, como num debate no mundo físico, levantar a mão e pedir a palavra – mas dependem da autorização do moderador.

Atualmente, está disponível apenas para iPhone e precisa de convite para entrar. A rede social ficou famosa depois que ganhou adeptos no Vale do Silício. Parece um podcast, mas os usuários podem ouvir os chats que estão acontecendo em tempo reais. Palestras e músicas também são encontradas por lá. As salas podem ser públicas ou privadas, com grupos de amigos ou colegas. (Atualização: em 18 de maio, a plataforma também passou a ser disponível para usuários de Android.)

Elon Musk, Oprah Winfrey, Chris Rock e Ashton Kutcher são dos famosos que têm usado este novo canal. Não há como gravar ou armazenar as conversas. O que acontece no Clubhouse, fica no Clubhouse.

Clubhouse por enquanto só aceita quem for convidado por algum membro atual.

Por enquanto, é preciso convite para entrar.

Como o Clubhouse começou

Os dois criadores, Rohan Seth e Paul Davison, se conheceram em 2011, quando já trabalhavam com produtos tecnológicos para conexão social. Em 2019, aproximaram-se porque estava fazendo um trabalho para ajudar sua filha Lydia, que nasceu com uma doença genética rara.

Em março de 2020, lançaram o Clubhouse. A proposta era construir uma experiência social que parecesse mais humana – onde, em vez de postar, você pudesse se reunir com outras pessoas e conversar.

A comunidade saiu rapidamente de usuários beta para uma rede diversa. Em uma semana de janeiro de 2021, dois milhões de pessoas em todo o mundo – músicos, cientistas, criadores, atletas, comediantes, pais, empresários, corretores de ações, líderes sem fins lucrativos, autores, artistas, agentes imobiliários, fãs de esportes e muito mais – entraram na nova rede social.

Brasileiros e o Clubhouse

Luiz Candreva, nosso head de inovação, tem participado ativamente da rede como moderador e speaker. Por conta da sua imersão, conseguiu captar a relação do brasileiro com o Clubhouse:

“A verdade é que os brasileiros adoraram essa rede baseada em voz. Lá as pessoas não podem postar nada, não tem fotos, não tem stories, não tem reels, não tem nada disso que a gente está acostumado a ver nas outras redes sociais e isso traz algumas novidades bem interessantes. Por a rede não ter nenhum lastro, não ter histórico, não ter nada pra trás, a única coisa que importa é o conteúdo produzido naquele momento, já que esse conteúdo também não é gravado. E por ser só o que é produzido naquele momento, torna-se uma rede extremamente viva e viciante. Cada vez mais as pessoas ficam conectadas ad infinitum.”

Candreva acredita ainda que a facilidade de se comunicar e a presença da voz no todo fizeram com que as pessoas se aproximassem. Talvez durante a pandemia a saudade e o desejo de contato com outros humanos foi suprido pelo tom de voz e não pelos pixels de uma foto. Ele espera que essa rede continue e tem um grande apreço em poder escutar as pessoas e trocar ideias e encontrar opiniões diferentes:

“Talvez o meu maior aprendizado nessa rede, que eu já falei algumas vezes em salas lá e também fora, é de que consensos são extremamente raros e a gente deve entender que a discordância, diferentes opiniões, são a regra. O que não é ruim porque nos leva para a frente. Esse atrito da diferença de opiniões sempre nos levou e sempre nos levará à frente. É muito importante numa época em que todo mundo tenta impor a sua opinião e trazer a sua voz mais alto que o Clubhouse nivele essas vozes. Quem sabe a gente traz esse exemplo lá de dentro para fora e consegue, com isso, avançar de maneira mais calma, mais serena, mais harmônica avançando para um futuro muito melhor.”

Os administradores do Brazilians in Clubhouse prepararam um guia em português, baseado no original, com as principais diretrizes e boas práticas na rede. Você poderá baixá-lo aqui.

Isolamento e conexão

Os criadores do Clubhouse acreditam que a proposta de um app com trocas mais humanizadas ajudou a preencher o vazio gerado pelo distanciamento social. “Em um dos anos mais turbulentos e conturbados que muitos de nós já vivemos, as pessoas do Clubhouse se reuniram para conversas importantes e diferenciadas”, afirmam os criadores.

Há salas de debates com milhares de pessoas fazendo as mais diversas atividades:

  • game shows
  • resenha esportiva de jogos da NBA
  • cantar em grupo
  • debater filosofia
  • compartilhando dicas de viagem
  • gerenciar grupos de apoio
  • conduzir meditação em grupo
  • engenharia
  • talk shows
  • stand-up comedy
  • palestras de diversos temas

Futuro do Clubhouse

Ainda não é possível dizer se a plataforma vai cair no gosto ou é uma moda passageira. Por enquanto, eles já contam com 180 investidores e estão contratando profissionais em diversas áreas. 

A maior rede social do mundo também começou dependendo de convites. No começo, para ter sua conta no Facebook, você precisava esperar que alguém já dentro mandasse um invite. Até o GMail foi assim em seu início e o número de convites por usuários era bastante restrito, fazendo que o usuário escolhesse bem quem colocaria pra dentro.

Um prêmio de consolação: se você não tem um convite, é possível baixar o app e fazer um pré-cadastro garantindo seu nome de usuário. Assim você não vai precisar inventar uma @ alternativa demais quando finalmente conseguir entrar no seletíssimo Clubhouse.

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