O termo virou moda e já fez os olhinhos de muita gente brilharem pelo potencial do modelo de negócio. Para você ter uma ideia, algumas grandes empresas como a Amazon ou o Facebook começaram como startups! A verdade é que elas revolucionaram a ideia de que, para começar um negócio era preciso ter muito dinheiro disponível.
Mas calma lá, startup não é o nome do primeiro passo no mundo do empreendedorismo. Estamos falando de toda forma específica de encarar os processos empresariais e até o negócio em si. Vamos saber mais sobre essas empresas exponenciais que já mostraram seu potencial?
O que é uma startup?
Apesar de se tratarem de empresas que estão começando, não são todos os negócios em período inicial que podem ser categorizados como startups. Para ser startup é necessário que o modelo de negócio seja repetível / replicável e escalável, inserido em um cenário de incertezas, porém norteado para as soluções a serem desenvolvidas. Isso quer dizer que as startups têm uma mentalidade voltada à experimentação.
Outra informação importante é que startup e internet não precisam ter nenhuma ligação. O que acontece é que esse tipo de negócio é mais comum no meio digital por geralmente ser mais barato para começar e com expansão mais fácil. No entanto, nada impede que existam startups atuando off-line, só vai ser mais difícil de encontrar uma assim.
O termo “startup” surgiu e se consolidou durante a crise das empresas ponto-com entre 1996 e 2001. Durante “A Bolha da Internet”, como o período ficou conhecido, o termo era sinônimo de algo fácil de iniciar e colocar para rodar. Na época, significava apenas um grupo de pessoas colocando seus esforços em uma ideia fora da curva, mas com potencial para fazer dinheiro. As coisas mudaram de lá para cá, mas não tanto, não é?!
Lean Startup
O conceito de lean startup é voltado para identificar e cortar as fontes de desperdício em todos os níveis do processo produtivo de um negócio. É como o nome mesmo já diz, uma vez que “lean”, em inglês, significa “enxuto”.
Para ser lean, é preciso averiguar e abolir sistematicamente o desperdício em todas as etapas do processo de produção, venda e pós-venda. E quando falamos de desperdício, nem sempre quer dizer dinheiro, também é tempo, custos e/ou recursos.
“Toda atividade que não contribui para se aprender a respeito dos clientes é desperdício.” – Eric Ries
Ries, pesquisador de Harvard, é autor do livro “Startup Enxuta”, que se transformou praticamente em uma bíblia sobre o assunto, não poderia ser mais claro sobre o que se encarar como desperdício em uma startup.
Mas ser lean também diz respeito a ter processos otimizados e assertivos. Para tanto, há algumas metodologias como o MVP que podem te ajudar. Já falamos por aqui sobre o que é MVP e como fazer um MVP usando Design Sprint, mas para resumir, MVP é uma fórmula para fazer uma versão beta da sua solução que é perfeita para testar hipóteses e validá-las junto ao mercado.
Crescimento exponencial e escalabilidade de startups
Já falamos aqui que uma startup precisa ser repetível e escalável, mas por que essas duas características são tão importantes?
- Ser repetível, em uma startup, é conseguir multiplicar suas entregas em uma escala potencialmente ilimitada, sem tem que fazer muitos ajustes para cada cliente. Uma analogia facilmente compreensível é analisar a forma de vender filmes: vender DVD´s não é repetível, você sempre precisa produzir mais cópias, no entanto, quando você o coloca em plataforma de streaming, o mesmo filme pode ser veiculado inúmeras vezes.
- Ser escalável é o maior segredo de uma startup. Trata-se crescer cada vez mais sem impactar o modelo de negócio. É sobre ter as receitas crescendo em uma velocidade absurda, mas com os custos crescendo vagarosamente.
É importante ressaltar que quem aposta em uma startup, nunca sabe o dia de amanhã. O cenário de incertezas é uma característica forte, mas o crescimento, uma vez que você chega lá, é exponencial. Por isso que uma das formas de se referir a startups é chamando-as de “empresas exponenciais”.
Quando a startup vira uma scale up
É imprescindível entender que nenhuma empresa é uma startup, ela está startup e existem alguns fatores que conseguem registrar essa evolução do negócio. Segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), podemos considerar scale-ups as empresas que cresceram, no mínimo, 20% ao ano durante três anos seguidos, empregando pelo menos 10 pessoas. Em síntese, o que define uma empresa scale up é:
- Desenvolvimento escalonável;
- Crescimento exponencial;
- Eficácia comprovada; e
- Mentalidade inovadora.
Ou seja, é possível entender uma scale up como uma startup evoluída que, após a pesquisa de mercado, o desenvolvimento da solução e a identificação daquele modelo de negócio repetível e escalável, a startup sobre um degrau e ingressa na fase de expansão.
Essa mentalidade inovadora citada pode ser entendida como diferencial competitivo, mas inovar tem que estar no DNA das startups. Paulo Al-Assal, nosso professor do Disruptive.MBA, tem uma fala que pode nortear a inovação dentro das empresas:
“Boa parte das empresas pensam em produtos, processos e tecnologia. Isso é importante, mas se deixar de olhar para as pessoas e para os problemas que elas enfrentam vai perder a chance de encontrar onde inovar. É lá que estão as oportunidades de fazer algo novo. Se for criativo e observador, certamente vai encontrar uma oportunidade.”
Termos do dia-a-dia das startups
Se acha que o mundo do empreendedorismo é cheio de jargões e de palavras estrangeiras, é porque ainda não viu o das startups! Alguns dos termos já citamos por aqui como MVP, Lean Startup e Scale Up e alguns outros ainda vão ser tratados ao longo do artigo como Incubadora e Aceleradora, mas fizemos uma pequena listinhas de termos fundamentais para você não ficar voando em um próximo papo em startupês:
- Aporte: refere-se a um capital injetado na empresa por um investidor, para que ela se desenvolva guiada por objetivos específicos. Funcionaria como um investimento ou aplicação.
- Customer Development: é mais uma cultura que acredita na validação pelos próprios consumidores e o mais rápido possível. Vem da crença que o erro é inevitável e que deve impulsionar o desenvolvimento.
- Elevator Pitch: essa é uma técnica de apresentação para transmitir uma ideia de forma simples, objetiva e direta. O nome vem da brincadeira de que tem que ser contada em 30 segundos, dentro de um elevador, para um investidor.
- Hackathon: são eventos, competições, com o propósito de fazer pequenas maratonas em busca de uma solução para o problema levantado.
- Joint Venture: trata-se da aliança entre duas ou mais empresas com objetivos comuns. Não necessariamente é uma sociedade, mas uma troca de conhecimento, recursos e experiências.
- Pivotagem: lembra daquilo que o erro é necessário? Pivotar também. Pivotar é você mudar a direção de um negócio que não estava dando certo, com base no que você aprendeu com ele.
- Valuation: diz respeito ao valor do negócio.
Há inúmeros outros termos relacionado ao universo das startups, muitos deles relacionados a métricas e como mensurar resultados, mas esses não foram listados aqui ao acaso. Você percebem que cada um deles dá uma dica de como esses negócios são estruturados e as pequenas lições que cada forma de encarar os processos trazem? É para levar para vida!
Incubadora VS Aceleradora
Existem várias formas de ajudar no desenvolvimento de um negócio, mas há duas em específicas que podem ser confundidas, apesar de serem bem diferentes:
- Incubadora: é voltada para auxiliar empreendedores de acordo com alguma necessidade governamental ou regional em um estágio mais inicial do negócio, da ideação até o começo da validação. É mais tradicional no sentido das lideranças, no modelo de consultoria e no plano de negócio.
- Aceleradora: trabalha com empresas que já estão em processo de crescimento ou validação de acordo com a jornada do empreendedor. O foco é no potencial de escalabilidade, tem menos burocracia e a ideia de compartilhar conhecimento através de mentores é fundamental.
Empresas com fases e objetivos diferentes precisam de apoio de maneiras diferentes, o importante é identificar a forma de amparo que mais possa te proporcionar insights significativos, investimentos e até possibilidades de expansão.
Ecossistemas de startups
Existir um ecossistema de startups ajuda a semear inovação, traz maior dinâmica e produtividade aos setores industriais, democratiza o acesso ao conhecimento e ainda gera mais oportunidades de empregos. Mas o que exatamente seria um ecossistema?
Um ecossistema de startups se refere a todas as empresas e órgãos que auxiliam para o desenvolvimento dessas startups, em todos os níveis, de colaboradores capacitados a visibilidade, por exemplo. Um ecossistema é composto, basicamente, por:
- Empresas (startups e tradicionais);
- Investidores;
- Academia;
- Poder público.
Mas há outros players importantes que também têm sua participação para garantir o sucesso de um ecossistema:
- Mentores;
- Aceleradoras;
- Comunidades;
- Hubs de inovação;
- Imprensa;
- Comunidades;
- Associações.
Um dos ecossistemas mais conhecidos e eficientes do mundo é o Vale do Silício, localizado na Califórnia. Foi lá que grandes nomes como Steve Jobs e Mark Zuckerberg ergueram seus impérios. Hoje todo o mundo tem seus olhos voltados para lá quando se fala de práticas de empreendedorismo, tecnologia e inovação.
Tel-Avivl, Londres, Austin, Singapura, Pequim, Tóquio e Berilm são algumas das cidades referência em maturidade dos ecossistema de inovação. Em compensação, estão entre os lugares mais competitivos para empreender do mundo. Aprende-se muito, encontra-se muito apoio e senso de comunidade, mas é altamente desafiador estabelecer-se em algum destes endereços.
Startups e a mentalidade de colaboração
A mentalidade de colaboração é um dos valores mais fortes que a cultura de startup promove e isso reflete nos ecossistemas: Comunidades e Coworkings, por exemplo, são uma prova disso.
Coworking seria um escritório compartilhado. A ideia tem se popularizado nos últimos tempos, mas startups têm dado outro tom para eles e a cultura de colaboração presente nesses espaços é só um dos pontos fortes! Imagina a praticidade de ter uma dúvida jurídica e bater em um escritório de advocacia da mesa ao lado, perguntar para o seu colega e em dois tempos ter essa assessoria fechada?
Comunidades são conglomerado de empresas e pessoas que interagem em uma troca de conhecimento em mão-dupla voltada para mais oportunidades e desenvolvimento. Falamos mais sobre o valor de fazer junto em outro artigo.
É importante compreender que um coworking e um hub de inovação têm conceitos muito diferentes. Mesmo que, numa visita despretensiosa, os espaços físicos coloridos, quase sem paredes e repletos de post-its possam parecer a mesma coisa. Até porque, inovar não tem relação direta nenhuma com o total de diversão disponível no espaço físico onde uma startup ou empresa tradicional se encontra.
O papel do hub de inovação
Um espaço direcionado para o fomento de ideias inovadoras, é disso que se trata um Hub de Inovação. Pode ou não ser um espaço físico que oferece suporte. Estamos falando de uma área para trabalho, espaço para conhecer outros negócios, obter investimentos e fazer parcerias com grandes empresas.
Hubs de inovação funcionam quase como uma vitrine para startups. Lá, elas têm a possibilidade de serem vistas por investidores e grandes empresas, o que aumenta sobremaneira o potencial de crescimento. Além de promover a convivência entre founders e CEO, potencializando a troca de ideias entre gente que tem objetivos parecidos.
Networking é a palavra de ordem. É um espaço para trocar ideias, trabalhar de maneira colaborativa, ter insights e fazer parcerias. É descobrir e cultivar o valor das conexões, como sugere seu nome.
Venture Capital
A essa altura você já deve ter entendido que uma startup não é lá o tipo de empresa mais financeiramente estável do mundo… Venture Capital é uma modalidade de investimento voltada para empresas não tão grandes que têm alto potencial de crescimento, mas são muito novas e possuem um faturamento muito baixo e assim caracterizam um capital de risco. Claro que estamos falando de startups.
Apesar de no Brasil esse mercado de venture capital ainda estar se desenvolvendo, ele já é o maior da América Latina e cresce de forma exponencial. Já conseguimos ver o começo da maturação do mercado, quando o número de rodadas vai diminuindo e os valores dos aportes são cada vez maiores.
Venture capital não é só dinheiro. Trata-se de suporte na gestão, parceria de longo prazo, conselho fiscal e administrativo, além de evolução rápida. O investidor quer ver o negócio dar certo e investe também seu tempo, sua equipe e suas conexões no negócio que decide apoiar com funding.
Lições que empresas tradicionais têm aprendido com as startups
Há uma sensação de animosidade quando falamos de startups e empresas tradicionais principalmente porque, segundo Luiz Candreva:
“O pequeno cresce quando gigante bobeia: startup só dá certo quando alguma empresa grande bobeou e ela ocupa esse vácuo.”
Dá para imaginar que não deve ser muito legal ver alguém lucrando com algo que você tinha capacidade, tempo e recursos para fazer e deixou pra lá, não é? Porém, o foco está mudando e os dois tipos de negócios são gigantes em suas áreas e não é porque as lições abaixo são para grandes empresas que você, como uma pessoa fora desse nicho, deve pular.
As reflexões abaixo são de Renato Mendes e nos fazem pensar até no nosso lugar como consumidor e agente da transformação digital, posto que todos ocupamos.
- Entenda o “startup mindset”: coloque o cliente no centro da estratégia, adote uma cultura de testes e seja firme.
- Startups se adaptam porque vivem em crise desde o momento 0.
- Adapte: cultura, pessoas e espaço.
- Antecipe a necessidade futura do consumidor. Entenda até que ponto a transformação que acontece vai se dar e prepare-se. Como? Experimente!
- Entenda e aceite o papel do consumidor: ele sempre sai na frente e puxa as empresas, é ele quem promove a transformação digital.
- Criar tecnologia não é disrupção: disrupção é quando o consumidor decide dar dinheiro a ela.
Ainda sobre a relação entre empresas tradicionais e startups, temos uma reflexão muito válida de Marck Krauze:
“Nem sempre dá pra destruir o modelo de negócio em empresa grande, o que dá é mudar pequenas células para fazer funcionar de forma mais ágil. A startup inicialmente não tá preocupada com o faturamento, ela tá preocupada em trazer inovação, passar por cima do passado. O grande desafio está entre preocupar o futuro com o agora. A startup leva a informação e traz o que é novo, mas tem que mostrar para a grande empresa o quão relevante é a informação que ela tá levando.”
Cultura e propósito das startups
Estamos criando gerações que estão cada vez mais voltadas para o valor ao invés do preço. Seja como consumidores, funcionários ou como seres humanos. Paulo Al-Assal é assertivo em dizer:
“As empresas que mudam o mundo são guiadas por um propósito central muito forte.”
Mas Pedro Sorrentino vai além quando fala de empreender com propósito. Para ele, para fazer um negócio que dá certo, não podemos buscar a tendência. Naqueles que prosperaram, os founders estavam resolvendo problemas com os quais tinham forte afinidade pessoal. Ou seja, se está pensando em começar algo, pense no que é importante pra você.
Cultura e propósito são duas palavras-chave que norteiam os caminhos das startups. Até porque, é um jeito de empreender ainda mais árido e precisa que haja algo que vá além do dinheiro para garantir o gás de levantar depois de cada tropeço. E essa é uma das lições que a gente deveria levar para fora dos negócios. Há mais para aprender com essas empresas do que apenas uma cultura de teste e rápida adaptação. Elas são exemplo de que é preciso dar passos curtos e firmes todos os dias para conseguir uma vitória expressiva.