No Brasil, mais de uma startup foi criada por dia em 2020, mesmo durante a pandemia da Covid 19. Essa e outras informações fazem parte do Radar Agtech Brasil edição 2020-2021, lançada dia 28 de maio em evento virtual. O radar é um mapeamento de startups brasileiras que atuam no setor agropecuário – as chamadas agtechs – e que foram analisadas nos últimos meses a sua distribuição geográfica, sites e contatos, segmento de atuação e categoria (antes, dentro e depois da fazenda), relatório na identificação de 1.574 agtechs.
O estudo foi realizado pela Embrapa em parceria com a SP Ventures e a Homo Ludens Pesquisa e Consultoria e com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e mostra que o número de empreendimentos ativos no País aumentou em 40% se comparado ao ano de 2019.
O estudo também identificou o cenário de investimentos feitos nesse setor, e como 78 instituições que apoiaram com incubação, aceleração ou investimento, proporcionando aportes financeiros e / ou de gestão para 223 empresas de base tecnológica que atuam no Agro brasileiro.
Agtechs em alta, mesmo em meio à crise
Das 1.574 agtechs validadas, analisadas and classificadas no estudo, 199 startups desenvolvem soluções digitais para atender demandas das cadeias produtivas na etapa antes da fazenda, 657 desenvolvem inovações para dentro da fazenda e 718 desenvolvem tecnologias com para uma fase depois da fazenda.
A maioria dessas startups atuam nas seguintes áreas: alimentos inovadores e novas tendências alimentares (substituição de ingredientes e alimentos mais nutritivos), sistemas para gestão da propriedade rural (plataformas on-line, dispositivos de gestão), plataformas integradoras de sistemas e soluções de dados, marketplace e plataforma de venda de produtos agropecuários, drones e máquinas, sensoriamento remoto e monitoramento de imagens.
O setor de foodtechs, por exemplo, tem grande destaque para o empreendedorismo agropecuário, principalmente na categoria Alimentos inovadores e novas tendências alimentares, que representa quase 20% do total de startups mapeadas, “e tem muito empreendedor criando negócios nessa categoria, mas ainda é um campo difícil de conseguir investimento. O que tem atraído mais investidores são como agrofintechs e categorias de equipamentos, como drones “, como explica Murilo Vallota da SP Ventures.
O relatório aponta também a distribuição das startups por região, sendo que a maioria, 48%, está localizada na região Sudeste (983); seguido do Sul (397); Centro-Oeste (94); Nordeste (72) e, por fim, região Norte (26).
Esse panorama da distribuição setorial e indica que o fortalecimento do ecossistema das agtechs é baseado na consolidação dos principais centros de inovação como polos de startups, mas o estudo também identificou a migração dessas startups outras regiões, com destaques para o Centro-Oeste e Nordeste , além da presença de agtechs em quase todas as cidades do País.
Avanço de apoio às Agtechs
O documento mapeou um número de startups ativas 40% maior em comparação ao Radar Agtech Brasil 2019, mesmo em um ano de pandemia. O estado de São Paulo mantém a liderança em quantidade de agtechs, com 48% do total, mas a Região Nordeste foi onde o estudo encontrou o maior número de novos empreendedores, em comparação com a edição de 2019.
A nova versão do Radar Agtech Brasil também identificou 78 instituições que investiram e apoiaram o empreendedorismo de startups do setor agropecuário no Brasil, possibilitando o acesso a oportunidades de incubação, aceleração e investimentos. Essa informação é crucial para que as startups consigam obter recursos e capital para atingir suas metas de crescimento.
Além disso, foi explicitado quais são as 223 agtechs nacionais beneficiadas pelas instituições que aportaram recursos financeiros e / ou de gestão, com destaque para a Região Sudeste, sendo que 62% delas estão no estado de São Paulo.
O mapeamento atualizado das startups traz o panorama nacional das empresas de base tecnológica para o agronegócio, contribuindo para dar maior visibilidade ao ecossistema de empreendedorismo e apoiar as políticas públicas. A nova edição apresenta uma análise sobre os efeitos da pandemia nesse mercado. Conta também com um resumo em inglês que ressalta os principais resultados do mapeamento, com o perfil das agências agtechs e informações sobre os principais investidores dessas startups.
Além disso, o estudo avalia novas possibilidades no contexto da cooperação técnico-científica e complementaridades entre Brasil e China no mercado agroalimentar e na inovação e empreendedorismo agrícola. Os chineses ocupam o segundo lugar entre os principais ecossistemas empreendedores mundiais, conforme o relatório Global Startup Ecosystem Report 2020 (GSER), do Startup Genome.
Ecossistema de inovação brasileiro tem relação com o campo
Na seção sobre o panorama do ecossistema de inovação, o estudo indica perspectivas tecnológicas, destacando ainda os programas de relacionamento com startups, especialmente como iniciativas desenvolvidas pela Embrapa. Outras duas apontam como expectativas brasileiras frente ao comportamento global de capital de risco com foco em agtechs, relacionadas a potenciais impactos e riscos associados a suas operações.
A disponibilização dos dados do Radar Agtech Brasil 2020/2021 aos usuários do site, por meio de mapas e gráficos interativos, constituindo uma plataforma de BI (Business Intelligence) que passou a ser estabelecida a partir deste ano. “Isso permite ao usuário visualizar e localizar de maneira fácil e rápida uma inicialização de seu interesse, além de permitir uma visão panorâmica de todo o conjunto de dados levantados e vantagem”, afirma o chefe de P&D da Embrapa Instrumentação, José Marconcini.
As agtechs em números
O Radar Agtech Brasil 2020/2021 identifica investidores e detalha como startups por segmento de atuação, categoria – antes, dentro e depois da porteira – e por distribuição geográfica. Como informações sobre localização, o site e contato das empresas também estão organizadas. O novo levantamento aponta que o estado de São Paulo continua liderando com 48% das agtechs. A capital paulista, organização como o 18º ecossistema de startups do mundo, segundo estudo de 2020 da StartupBlink, contribui com 22% do total
Com 345 startups, a cidade de São Paulo é seguida de Piracicaba (60), Curitiba (59), Rio de Janeiro (54), Campinas (48), Porto Alegre (42), Belo Horizonte (40), Ribeirão Preto (39 ), Florianópolis (36) e Londrina (28) que, juntas, concentram 47,7% do total de agtechs. O percentual por regiões ficou o seguinte: Sudeste, 62,4% (983); Sul, 25,2% (397); Centro-Oeste, 6,1% (96); Nordeste, 4,6% (72); e Norte, 1,7% (26), representando um aumento no número mapeado de 84,6% das agtechs nordestinas e de 53% no número de startups da Região Norte em comparação com o Radar Agtech Brasil 2019. Além disso, os cinco estados com mais startups do agro são: São Paulo (757), Paraná (151), Minas Gerais (143), Rio Grande do Sul (124) e Santa Catarina (122).
Escopo de atividades das agtechs é bastante amplo
O estudo mostra ainda que a maioria das startups que atuam antes da fazenda está voltada à área de Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal. Dentro da porteira o destaque é para Sistemas de gestão de propriedade rural e, depois da fazenda, para Alimentos inovadores e novas tendências alimentares, diz a coordenadora do trabalho na Embrapa, Shalon Silva, supervisora de Ambientes, Redes e Iniciativas da Secretaria de Inovação e Negócios (SIN).
O quadro geral com as cinco principais áreas de atuação das agtechs nos segmentos antes, dentro e depois da fazenda ficou assim: Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal (46); Crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária (42); Análise laboratorial (33); Sementes, mudas e genômica vegetal (24); e Nutrição e saúde animal (19). Dentro da fazenda são: Sistema de gestão de propriedade rural (154); Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados (111); Drones, máquinas e equipamentos (79); Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagens (70) e Conteúdo, educação, mídia social (58). E depois da porteira como categorias são: Alimentos inovadores e novas tendências alimentares (293); Marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários (100); Armazenamento, infraestrutura e logística (57); Mercearia on-line (45); Restaurantes on-line e kit de refeições (39).
Além do documento em PDF, o estudo completo sobre o cenário de Agtech no Brasil conta com um material interativo. É possível consultar no site Radar Agtech Brasil.