A grande revolução na comunicação móvel digital começou em 10 de julho de 2008, quando a Apple lança a App Store com seus primeiros 500 aplicativos. Até então, instalar softwares em dispositivos móveis era ou muito arriscado ou tecnicamente complicado. As lojas de aplicativos mudam completamente a relação dos usuários com seus Smartphone.
No primeiro semestre de 2019, as lojas de aplicativos da Apple e Google, que representam quase todo o mercado de aplicativos mundial, arrecadaram juntas US$ 39,7 bilhões. O Brasil é o segundo mercado de aplicativos que mais cresce no mundo. A App Store tinha, nesta data, 2,2 milhões de apps, enquanto a Play Store contava com 2,8 milhões. É uma concorrência e tanto. Como, então, aparecer entre tantas opções?
O que são as lojas de aplicativos?
São canais utilizados para facilitar o processo de manuseio dos softwares desenvolvidos para um tipo de plataforma. Nelas acontecem, de forma intuitiva, operações que vão desde a busca até a cobrança de aquisição inicial ou expansão de funções definidas pelos desenvolvedores.
As diversas soluções são classificadas por suas funções e as aplicações recebem classificações dos usuários, o que exige aperfeiçoamento constante. A mecânica inaugurada com essa forma simplificada de se relacionar com produtos digitais também impacta diretamente no acesso de mais usuários à tecnologia da informação.
Por que lojas de aplicativos atingem um público tão grande?
Podemos dizer que o principal motivo está no fato de facilitarem a vida dos usuários ao simplificar as tarefas de comprar, instalar, atualizar e desinstalar os aplicativos. Essas tarefas acontecem sem a necessidade de dominar programação ou o funcionamento do sistema operacional. Os processos são intuitivos e a curadoria feita pelos editores ajuda a dar mais segurança na escolha do que será utilizado.
Essas lojas também são ótimos meios para monetizar app. Existem vários modelos para transformar um aplicativo numa fonte de renda – vamos falar disso adiante – e estar em uma loja faz com que toda a cobrança possa acontecer intermediada pela plataforma com a qual o cliente já está acostumado a lidar. Na maioria das vezes, a sua venda está à distância de um toque da tela.
Se, por um lado, são os nomes das gigantes do Vale do Silício que aparecem nas manchetes, o crescimento dos aplicativos mudou completamente a dinâmica do mercado de software. Antes de 2008, apenas grandes empresas ou pesquisadores acadêmicos desenvolviam aplicações. As lojas de aplicativos abriram as portas para desenvolvedores de todos os portes, profissionais independentes e grandes estúdios competirem lado a lado.
Como funcionam essas lojas de aplicativos?
Vamos dividir o negócio de apps em dois grandes grupos:
- Plataforma móvel para relacionamento com o cliente, e vendas diretamente, também, de um negócio que já existia em outro modelo. Check-in de companhias aéreas, aplicativos de bancos, loja on-line de varejo, serviço de suporte ao cliente de serviços como planos de saúde, agendamento de atendimentos diversos, delivery de uma rede de restaurantes.
- Negócios desenvolvidos desde sua origem para o mobile. Games, aplicações de saúde e bem-estar (como meditação, guias de exercício e alimentação), integração com wearables e IoT (internet das coisas, como automação residencial), aplicativos de transporte de objetos e passageiros, soluções de aumento de produtividade e organização de times, busca de serviços por georreferenciamento.
Nos dois casos, quem desenvolve uma aplicação precisa manter-se relevante, com alta visibilidade nas vitrines virtuais das lojas de aplicativos para vender mais ou realizar mais transações pelo app. Aqui entra o conhecimento em ASO – App Store Optimization. O termo criado por Leandro Scalise, founder & CEO do Rank My App e professor do Disruptive MBA, é o equivalente do SEO – Search Engine Optimization, conhecido de quem busca tráfego orgânico nas ferramentas de busca, para otimizar app em suas lojas.
Importância do ranking de aplicativos
A estratégia é essencial para garantir bons resultados. Isso porque 86% dos downloads são de aplicativos que estão nas dez primeiras posições do ranking. Outros 8% ficam para quem está entre décimo-primeiro e vigésimo lugar. Todos os outros milhões de aplicativos estão nos 4% restantes. Este serviço pode ser terceirizado. Uma consultoria especializada é um investimento alto, mas que se você quer estar entre os primeiros, precisa estar no seu orçamento para não depender de sorte.
Além da App Store e da Play Store, que detêm a imensa maioria dos downloads do mundo, existem algumas outras, como:
- 1AppMarket: aceita apenas aplicativos gratuitos e está no mundo todo.
- App Gallery: usado por celulares Huawei, principalmente.
- Aptoide: a mais famosa fora das gigantes, vale conhecer e colocar seus produtos por lá.
- F-Droid: tem aplicações em código aberto como fonte para desenvolvedores e também aplicações cujas funções não são autorizadas pelo Google, como bloqueio de pop-ups.
- Uptodown: uma das maiores, tem mais de 30 mil aplicativos no catálogo.
Lembrando que estas alternativas servem apenas para Android, já que o iOS não tem abertura para a instalação de aplicações não-homologadas pela Apple. Se a aplicação for para um público muito específico, como alunos de uma universidade ou funcionários de uma empresa, pode-se gerar um link de download e instalação sem passar pelas lojas, apenas para sistema Android. É uma estratégia que dificilmente vai ser escalável.
Conheça os principais modelos utilizados para monetizar app:
- Freemium, representam 98% da receita gerada no Google Play. Não é o modelo com retorno mais rápido, mas 24 dos 25 apps com maior receita são freemium e eles têm destaque em relação aos pagos. O desenvolvedor oferece uma versão gratuita como forma de degustação. Pode ser uma limitação de uso por um período de teste, como uma semana, ou permitir apenas um volume determinado de ações por dia. Para desbloquear mais recursos, o usuário deverá comprar uma expansão.
- Banners de propaganda, fáceis de implementar e com uma rede de anunciantes, não depende de suporte interno, mas incomodam o usuário e aumentam o tráfego de dados. Usa-se o modelo de captar audiência e vender o acesso a este público para anunciantes.
- In-App Purchases, o usuário receberá ofertas de compras dentro do aplicativo, como mais vidas em jogos ou programações especiais mais incrementadas, como nos apps de meditação. Menos de 10% dos usuários fazem compras nos aplicativos.
- Apps Pagos, costumam funcionar bem em nichos, como esportes, saúde, produtividade e negócios. Não existe teste antes da compra e o usuário poderá pedir reembolso em até duas horas. Apesar de serem baratos, a maioria das pessoas prefere começar com uma versão gratuita e depois fazer um upgrade.
- Assinatura, com pagamento recorrente, você garante receita sem o comprometimento de um investimento inicial. Oferecer um tempo de degustação é uma boa forma de cativar o usuário. Por outro lado, você deve oferecer um produto de qualidade para mantê-lo pagando mensalmente. Neste caso, deve-se pensar na rentabilidade com base na projeção do LTV – Life Time Value.
Como funciona o ranking de aplicativos?
Para que um app conquiste um bom ranqueamento em uma loja de aplicativo, é necessário que o seu trabalho de ASO seja feito com eficácia. E não basta apenas traçar estratégias de marketing digital para otimizar app.
As duas principais lojas de aplicativo mantêm seus critérios de ranqueamento em sigilo. No entanto, já foi constatado que alguns pontos são relevantes para seu bom posicionamento. Mesmo apresentando coisas em comum, as lojas apresentam algumas diferenças entre si. Veremos, abaixo, as principais classificações delas.
Google Play Store
São conhecidos, até o momento, seis pontos principais que interferem na classificação dos aplicativos na Google Play Store. Muitos desses fatores são de responsabilidade do dono do aplicativo e, também, na aplicação correta do ASO.
1. Nome do aplicativo
Os usuários fazem pesquisas de palavras-chave no título do aplicativo. Ter uma Keyword no nome pode aumentar em até 10% as suas chances de boa posição no ranking de pesquisas.
2. Descrição
A loja de aplicativos do Android usa a descrição dos softwares para as buscas. Por isso, é interessante ter palavras-chave em seu conteúdo, especialmente nas primeiras linhas. A descrição dos aplicativos na loja da Google é dividida em descrição curta e descrição completa. A primeira consiste nos 80 primeiros caracteres antes da opção de “leia mais”.
3. Classificação e comentários
Os comentários feitos na Google Play são analisados, e verifica-se se há Keywords neles. Esse ponto, juntamente com a avaliação, é de grande relevância no momento de classificarem seu aplicativo. Quanto melhor sua classificação, melhor seu posicionamento.
4. Atualizações
Quanto mais o software é atualizado, melhor o rankeamento. Isso acontece porque, com a frequência de atualização, as avaliações tendem a ser melhores, o que dá maior relevância ao produto. Essas frequentes atualizações são ótimas para otimizar app.
5. Download e engajamento
Quanto maior o número de downloads, maiores as chances de ter um posicionamento melhor nas buscas. O engajamento (avaliações e comentários) também faz ganhar pontos.
Apple App Store
Alguns dos fatores de classificação da App Store são semelhantes aos do Android, mas, mesmo assim, outros são especificidades do iOS.
1. Nome do app
Assim como na Play Store, deve incluir a palavra-chave no nome do app, que deve ter até 30 caracteres. Recomenda-se que o título tenha o nome da marca, de maneira sutil e, também, com abreviações.
2. Legenda do App
Esse recurso só ficou disponível no iOS 11 no final do ano de 2017. O espaço, localizado bem abaixo do título do aplicativo, disponibiliza 30 caracteres para a descrição do produto.
3. Campo de palavra-chave
O IOS disponibiliza um campo apenas para a inclusão de palavras-chave. São 100 caracteres destinados à ação que, dentro do sistema da Apple, contribuem para a localização do software dentro da sua loja.
4. Classificação e comentários
Os comentários e avaliações de aplicativos são de grande relevância à App Store. Além disso, uma das vantagens oferecidas pela loja é a possibilidade redefinir as críticas negativas e, assim, começar do zero a coleta de avaliações.
5. Fatores ocultos
Em ambas as lojas há fatores de classificação que são mantidos em sigilo e que, até o momento, ninguém sabe exatamente o que são. A única certeza sobre isso é que esses pontos são mais complexos no ranking Play Store do que na App Store para monetizar app.
Onde mais distribuir meu app
Saia da zona de conforto e busque todos os canais para distribuir seu produto ou serviço. Lembre que, além dos Smartphone, as Smartvs, Smartwatches e até mesmo os computadores – não esqueça deles – também usam lojas de aplicativos. Explore suas opções.
Não existe uma resposta geral para determinar se vale a pena a publicação de seu software em lojas de aplicativos. Existem muitas possibilidades, todas com suas próprias regras e particularidades. Você deve explorar as alternativas para entender se criar, manter e divulgar um aplicativo está dentro da sua realidade. Assim, escolhendo entrar no caminho do mobile usando um app próprio, definir como vai fazê-lo chegar ao maior números de pessoas com potencial de gerarem negócios para a sua marca.