Sair do modo leitor

Pesquisadores simulam atmosfera da Titã em frascos

O espaço. A fronteira final. Mesmo ainda longe de termos a USS Enterprise, cientistas do presente têm dado duro para tornar a humanidade uma espécie multiplanetária. E, além de Marte, a maior lua de Saturno está na mira dos pesquisadores que conseguiram recriar a composição química da atmosfera de Titã.

O estudo usou frascos de vidro para criar, de forma artificial, as mesmas condições encontradas na atmosfera de Titã. Os dados foram apresentados na reunião de outono da American Chemical Society (ACS).

“Nossa pesquisa revelou muito sobre as estruturas dos gelos planetários que eram anteriormente desconhecidos”, disse Tomče Runčevski, professor assistente de química na Southern Methodist University e principal investigador do estudo.

Como fazer a atmosfera de Titã em laboratório

Pra começar, vamos precisar de um baita freezer que mantenha a temperatura em -180ºC, que é a média da maior lua de Saturno. Frascos na mão, siga as instruções dos cientistas e crie a sua atmosfera de Titã portátil:

“Normalmente, introduzimos água, que congela conforme baixamos a temperatura para simular a atmosfera de Titã”, disse Runčevski. “Completamos isso com etano, que se torna um líquido, imitando os lagos de hidrocarbonetos que a Cassini-Huygens encontrou.”

Runčevski e sua equipe fizeram algumas descobertas interessantes. Por exemplo, duas moléculas normalmente encontradas em Titã – acetonitrila e propionitrila – se combinam em uma forma cristalina por conta das temperaturas de Titã.

Impacto da pesquisa nas viagens espaciais

Essas percepções e outras reunidas por Runčevski certamente ajudarão a guiar as futuras missões da NASA para explorar Titã junto com expedições semelhantes à Europa. Também nos ajudará a entender melhor uma parte fascinante de nosso sistema solar. Mas há outros desafios para viagens até a lua: além de não ter oxigênio e cerca de 5% além da atmosfera de Titã é composta por metano – imaginem o mau cheiro!

Outro problema é que, mesmo tendo diâmetro 4 vezes menor que o da Terra, a pressão atmosférica no satélite de Saturno é 4 vezes maior que o nosso. Seria como estar mergulhado a uma profundidade maior que 30 metros. 

A distância também é um desafio: para sair da Terra e chegar até lá, será preciso percorrer em torno de 1,2 milhão de quilômetros. A Nasa planeja enviar nos próximos cinco anos um drone até a lua, mas deverá chegar em torno de 2034. Apesar da atmosfera de Titã ser muito diferente da nossa, há semelhanças como a presença de lagos, rios, padrões de clima chuvoso e, bem ou mal, uma atmosfera. Muitos cientistas esperam que tais condições possam facilitar a vida.

Fonte: ACS