Sair do modo leitor

SPAM: seria o marketing de permissão o melhor remédio?

Marketing Digital

Você sabia que 52% dos e-mails enviados em todo o mundo no ano passado foram anúncios indesejados? De acordo com dados do Securelist 2019, o Brasil é o quinto maior emissor desse tipo de mensagem, com 4,87% do total enviado no mundo. Podemos comparar o SPAM ao assédio por ser uma abordagem sem permissão, de qualquer forma.

Se dezenas, ou até centenas, de mensagens não autorizadas, enviadas de remetentes que você não conhece, irritam você, por que seria diferentes com quem recebe seu material enviado desta mesma forma? Produzir lixo eletrônico pode até converter um ou outro em milhares de envios, mas não pode sequer ser encarado como estratégia. Mas não estamos aqui pra dar lição de moral, mas para ensinar boas práticas que vão ajudar a trazer resultados, sem deixar ninguém chateado com sua marca por causa de SPAM.

O que é SPAM?

Descontraidamente, podemos denominar SPAM de “Sem Permissão para se Aproximar de Mim”, já que a prática consiste em utilizar meios eletrônicos para enviar mensagens que não foram solicitadas, ignorando as regras da netiqueta, o código de boa conduta da internet. Essa prática não existe só em e-mail. Está presente também em SMS e WhatsApp. Até os inboxs ou directs de redes sociais sofrem. Todos agora vão precisar se enquadrar de acordo com a LGPD.

A origem do termo

Existem algumas teorias acerca da origem do termo SPAM. A mais popular envolve uma marca de presunto que surgiu em 1937. Muitos acreditam que a expressão seja abreviatura de SPiced hAM, um presunto enlatado da empresa americana Hormel Foods.

Esse produto também era comercializado na Inglaterra, e é neste ponto que o grupo de comediantes britânicos Monty Python entra em cena. Em um quadro de seu programa de TV na década de 70, Flying Circus, os comediantes simularam um restaurante que serve grandes quantidades de SPAM em todos os pratos, mesmo contra a vontade dos clientes. A partir de então, spam virou sinônimo de tudo o que é enviado em grande quantidade e sem o consentimento do destinatário.

 

 

Como o marketing de permissão ameniza os danos do SPAM?

Esse modelo surgiu em 1999 em um livro chamado “Permission marketing: turning strangers into friends, and friends into customer” (Marketing de Permissão: transformando estranhos em amigos, e amigos em clientes), escrito por um dos maiores nomes do marketing: Seth Godin.

Seth definiu “marketing de permissão” como antecipado, pessoal e relevante:

Imagine como seria eficaz se a sua estratégia de marketing tivesse relações individuais com todos os seus clientes e cada um teria concordado em receber publicidade da sua empresa, ou porque eles desejam as informações ou porque foram incentivados de alguma forma.

Godin argumenta que individualizado, o “marketing de permissão” pode romper a crescente desordem da publicidade tradicional, que ele chama de “marketing de interrupção” ou outbound marketing. A Internet é ideal para construir este relacionamento um-para-um, segundo o autor.

Privacidade e Marketing de Permissão

Empresas, sites, redes sociais e até o governo armazenam e processam informações rastreadas na internet, dando uma sensação de estarmos sendo vigiados. Por outro lado, esses dados permitem que os consumidores recebam informações direcionadas, evitando a perda de tempo na busca quase infinita de produtos e serviços disponíveis em rede.

Atualmente, a palavra-chave é transparência. Se seu cliente souber que você poderá usar essas informações e consentir esse contato, você não estará violando o acordo entre empresa e consumidor. Estes dados devem ser confidenciais e de uso interno. Para uso externo, deixe isso claro para seu público e permita que ele diga como prefere ser contatado.

Como aplicar estratégias de marketing de permissão e fugir do SPAM?

1. Priorize a criação de conteúdos

É com esse conteúdo de qualidade e gratuito que você conseguirá provocar o interesse das pessoas em seu negócio. Comece criando uma página e entregando textos que respondam as dúvidas das pessoas a respeito de seu nicho.

2. Capriche no SEO

Outra dica importante na hora de aplicar o permission marketing é estar sempre atento ao SEO do material produzido. O uso das técnicas de otimização para os mecanismos de busca faz toda a diferença. Afinal, não adianta escrever textos sensacionais, se ninguém encontra seu conteúdo quando pesquisa uma palavra-chave do seu segmento.

3. Crie formulários para capturar e-mails

Para colocar em prática o marketing de permissão, você precisa dar a opção de clientes em potencial receberem seus conteúdos. O mais interessante aqui é manter uma comunicação mais próxima com os usuários. Por isso, crie formulários nos quais as pessoas possam se cadastrar para receber uma newsletter, por exemplo.

4. Envie materiais ricos

Depois que uma pessoa se cadastra em uma de suas listas de e-mail, naturalmente, ela terá a expectativa de receber seu conteúdo. Forneça e-books, infográficos e outros materiais que se relacionem ao seu nicho e que ajudem na resolução das dores do seu cliente. Antes de vender, é preciso encantar, e o envio de material exclusivo, gratuito e realmente útil é o primeiro grande passo dessa relação.

5. Respeite o cliente

Falamos neste artigo que o marketing de permissão torna a relação entre a empresa e o cliente mais ética e mais respeitosa. Então, se o usuário desejar se descadastrar e não receber mais o seu material, essa decisão deve ser respeitada imediatamente. Mantenha a opção de descadastramento dos e-mails visível, para que todos possam parar de receber, caso optem por isso.

Quais as vantagens do marketing de permissão?

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a diferença entre SPAM e Permission Marketing, vamos te mostrar quais são as principais vantagens ao utilizar essa estratégia:

  1. Economia nas estratégias de marketing
  2. Aumento das chances de conversão
  3. Redução de SPAM

Quantas campanhas de e-mail marketing você já realizou e deram resultados muito baixos? Isso pode ter acontecido porque grande parte dos conteúdos disparados foi parar diretamente na caixa de SPAM do servidor de e-mail do seu cliente em potencial. A partir do momento que a pessoa permite que você se comunique com ela através da internet, as chances de suas mensagens irem para a caixa de SPAM são bem menores.

Além disso, obviamente há algumas pequenas desvantagens que se você parar para analisar. Elas não são tão impactantes e nem representam grandes perdas para o seu negócio, mas um exemplo delas é que a sua lista de contatos vai diminuir. Muitos usuários podem desistir de se cadastrar pois irão achar o processo “burocrático demais” ou então por motivo de falhas, como por exemplo, não localizarem o e-mail de confirmação de cadastro em sua caixa de entrada.

Prejuízos e consequências do SPAM

O spam pode prejudicar os usuários de diversas formas. Como por exemplo:

Boa parte dos provedores de Internet limita o tamanho da caixa postal do usuário no seu servidor. Caso o número de spams recebidos seja grande, ele corre o risco de ter sua caixa postal lotada com mensagens não solicitadas.

Para quem usa o e-mail como ferramenta de trabalho, o recebimento de spams aumenta o tempo dedicado à leitura das mensagens, além de existir a chance de conteúdos importantes não serem lidos ou serem apagados por engano.

Como a maior parte dos spams é enviada para conjuntos aleatórios de e-mails, é bem provável que o usuário receba mensagens com conteúdo que julgue impróprio ou ofensivo.

O envio massivo tem sido utilizado como veículo para disseminar esquemas falsificados, que tentam induzir o usuário a acessar páginas clonadas ou a instalar programas maliciosos, projetados para furtar dados pessoais e financeiros.

Um provedor que tenha usuários envolvidos em casos de envio de spam pode ter a rede incluída em listas de bloqueio, o que pode prejudicar o envio de e-mails por parte dos demais usuários e resultar em perda de clientes.

Quando um usuário “cai” em uma isca de e-mail malicioso enviado massivamente, ele pode inadvertidamente afetar outros que, porventura, estejam na sua lista de contatos, configurando um ciclo sem fim. Dessa maneira, empresas que não praticam disparos sem critério também contribuem para um ambiente digital menos poluído, melhorando a identificação dos golpistas. Portanto, o marketing de permissão faz parte de um sistema que combate, de forma eficiente, o surgimento de novas práticas maliciosas que atrapalham e afetam milhares de pessoas.

Tenho permissão. Como evitar ficar preso nos filtros anti-SPAM?

Solicite aos seus assinantes que adicionem seu endereço aos contatos. Além disso, configure seu endereço de e-mail usando um nome de domínio privado próprio – prática que aumenta, e muito, o grau e confiança na mensagem. Por último, saiba que alguns filtros contra spam podem responder ao seu e-mail com um teste Captcha para verificar se você não é um robô. Portanto, verifique se o seu endereço de resposta está correto e as respostas automatizadas para cada e-mail que você enviar.

Jamais faça uso de listas de divulgação de terceiros. Do mesmo modo, numa compre contatos de fornecedores de mala direta. Construa a lista de contatos com pessoas que realmente se interessam pela sua marca. Nos casos de vendas B2B, se precisar fazer um primeiro contato por e-mail, que ele seja absolutamente direcionado para aquela empresa, com conteúdo pessoal e relevante. Mas a melhor opção é usar outro meio de comunicação, como um telefonema para o número corporativo, para iniciar o diálogo.

Marketing de permissão e LGPD: fim do SPAM?

A LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados entra em vigor em agosto de 2020 e tem previsões duríssimas para quem fizer contatos indesejados. Sim, uma Lei que irá proteger os nossos dados, não somente de chamadas indesejadas ou e-mails com conteúdo desinteressantes, mas veta o compartilhamento de dados sobre o comportamento do consumidor, e até mesmo a coleta de informações sem consentimento. A norma protege o cidadão de empresas mau intencionadas, porém, quem tem o cliente no centro da sua estratégia vai poder trabalhar, de forma séria.

Consentimento explícito

O consentimento explícito do usuários, sobre a coleta e o armazenamento de dados, é uma das grandes mudanças da LGPD e deve estar presente em qualquer canal de coleta de dados utilizado pela empresa. Ou seja, formulários e assinaturas de newsletters (boletins informativos) devem conter uma opção para o usuário aceitar ou não a recolha destes dados.

A base atual de leads

Se você já tem uma estratégia digital, é provável que tenha uma base de leads com a qual interage. Com a LGPD, todos esses contatos precisarão consentir que esta comunicação permaneça. Para isso, o ideal é enviar e-mails pedindo a autorização e garantir que essa informação ficará armazenada.

Essas são apenas algumas das mudanças que devem ser realizadas pelas empresas, para que estejam de acordo com o que determina a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.

Fazer o consumidor sentir que a relação de confiança é de mão dupla e gerar material relevante, entregue gratuitamente ou com valores simbólicos, pode ser a solução para sair da terra do SPAM e ter uma estratégia de envio de ofertas, lançamentos e conteúdos bem planejada. Independentemente da LGPD, uma troca transparente costuma ser bem aceita pelo cliente, e toda relação com consentimento flui com mais naturalidade e gera consistência.