Tem sido cada vez mais intuitivo relacionar inovação com ambientes que estimulem a criatividade. Estamos falando de escritórios abertos, com mesa de ping-pong, piscina de bolinha, escorregador e guloseimas à vontade, por exemplo, mas vamos te mostrar aqui que isso, ao contrário do que muitos pensam, não é sinônimo de inovação.
Para começar, é importante entender que inovação não é um bicho mítico milagroso: existem vários tipos, características e formas de atingi-la. Porém, antes disso tudo, vamos para o básico?
O que é inovação?
A inovação já foi conceituada por muitos economistas, mas uma visão que se adequa bem à conjuntura atual é a do professor da Universidade de Stanford David Kelley, que defende a ideia de que o ato de inovar é um resultado de um trabalho em equipe. Ou seja, segundo ele, envolve ser receptivo à cultura e tendências do mercado, onde o conhecimento é aplicado de uma forma que antecipa o futuro e gera produtos e serviços diferenciados.
Tipos de inovação
Caracterizar o tipo de inovação é imprescindível para definir os conteúdos, como vai se dar esse processo e o que esperar dele, de forma realista. Vejamos dois tipos de inovação:
Inovação radical: É aquela longe de ser superficial. Estamos falando de mudanças estruturais, drásticas, que podem ser aplicadas em produtos ou processos. De acordo com Richard Leifer, um dos autores de Radical Innovation, é possível listar algumas incertezas que caracterizam a inovação radical ou disruptiva, tais como:
- Incertezas técnicas;
- Incertezas mercadológicas;
- Incertezas organizacionais; e
- Incertezas de recursos.
Inovação incremental: Mais delicada que a anterior, esse tipo de inovação toma seu tempo e age de forma mais gradual e periódica. São pequenas modificações a uma situação já consolidada. É o modelo mais adotado porque agrada perspectivas conservadoras que ainda assim entendem que precisam inovar.
Significado de disruptivo
Ser disruptivo é romper padrões e modelos pré-estabelecidos, não importa em que sentido. Esse tipo de característica é comumente associada à inovação radical, justamente por essa ideia mais marcante que esse tipo de inovação passa. Você pode estar inovando e não ser disruptivo, mas toda vez que você é disruptivo, você necessariamente está inovando. O significado de disruptivo está ligado à amplitude e à profundidade da mudança que algo é capaz de gerar. Uma quebra absoluta e instantânea. Disrupção caracteriza a cultura de uma empresa, frufru não.
Inovar como parte da cultura
Lembra daqueles ambientes divertidos que falamos no início? Eles são adotados por empresas como Google, Facebook e AirBNB, por exemplo e é inegável o quanto essas empresas são inovadoras, certo? Mas e se eu te disser que a Apple, empresa tão inovadora e disruptiva quanto, não compartilha desses mesmos recursos? A cultura da Apple é muito mais tradicional e hierarquizada, não conta com nenhuma das facilidades criativas que as outras duas empresas que citamos mais acima. Isso é uma prova incontestável de que esse tipo de abordagem não é determinante para os resultados. Porém seria determinante para os funcionários?
Rebecca Cantieri, uma profissional de RH americana que dedicou sua vida a pesquisar gestão de pessoas nas empresas do Vale do Silício, trouxe essa resposta. Segundo ela:
“ninguém escolhe uma empresa porque ela tem um ambiente legal, mas porque acredita que ali será capaz de fazer a diferença.”
Ou seja, todos esses itens divertidos como mesas de ping-pong, redes de balanço e piscina de bolinha, por exemplo, são ótimos recursos para atrair candidatos, mas estão longe de ser o suficiente para mantê-los ou garantir a inovação. A felicidade e motivação desses profissionais, é o que vai contar no final do dia e isso se dá através de apoio que ele pode receber dos superiores e de remuneração financeira compatível, por exemplo.
Tão importante quando criar soluções inovadoras, é ter uma gestão voltada para a inovação. É neste ponto que muitas empresas falham, porque não sabem como fomentar esse comportamento criativo que venha a produzir como resultado novos produtos e serviços entre seu time. Esse mau exemplo acontece, sobretudo, em empresas que têm gestores que olham o hoje, sem a coragem de criar o amanhã. Saiba que tipo de empreendedor você quer ser.
No fim das contas, a inovação não precisa de frufru nenhum. Se você quer inovar e ser disruptivo, só depende de você ter uma cultura empresarial e um modelo mental que estejam abertos à inovação!